Jornalísticos

Blog da turma de jornalismo do segundo semestre de 2007 da Universidade Federal Fluminense.

Ausência de Política

O ser humano é um ser político por natureza, diz a filosofia. Porém, não foi o que pareceu ser nas eleições para reitor da UFF, que terminaram neste fim de semana com a vitória da chapa da situação, liderada por Roberto Salles. Apesar das inúmeras falhas e reclamações da gestão atual, a vitória foi relativamente fácil, e o número de votos muito baixo em vários locais de votação.
A indiferença e falta de interesse na vida política da universidade é reflexo do que acontece em relação à política nacional, e não é difícil entender as razões. A ausência de um debate político efetivo é uma das principais marcas desta e de todas as campanhas eleitorais realizadas ultimamente.
Pouco se ouviu falar sobre eleição durante todo o semestre, fora os poucos cartazes espalhados pela universidade, a pouco mais de 15 dias antes das eleições. Algo parecido com o que desejam os candidatos à Presidência da República. Semana passada, José Serra, candidato do PSDB, afirmou que “a campanha só começa depois da Copa”. Alguma semelhança?
O movimento estudantil já não é tão atuante e esclarecedor como foi em outros tempos. No debate na Escola de Serviço Social (citado no post anterior) dia 13 de Maio, o DCE protestou e fez barulho em defesa do voto nulo, o que quase inviabilizou o debate entre os candidatos. Ou seja, de onde mais se esperava um incentivo ao debate e à troca de idéias para melhorar a universidade, se ouviram apenas gritos e propostas vazias. Percebe-se que a falta de uma proposta alternativa pertinente por parte do movimento estudantil (muito contaminado por partidos de esquerda), fortalece ainda mais o desinteresse na política da universidade.
Assim como fazem os homens de terno e gravata de Brasília, na Uff e em outras faculdades públicas, o primeiro mandato de reitor é usado para firmar alianças, e pactos para garantir votos valiosos dentro do conselho universitário. Parecida com a tática de compra de votos de deputados, por Fernando Henrique para aprovar o projeto que validaria sua reeleição em 1998, ou com o caso mais recente do mensalão no 1° mandato do governo Lula.
Resta saber como será o segundo mandato, quando muitas alianças firmadas antes se rompem e formam outras chapas.Não que o número maior de opções signifique uma efetiva diferença no conteúdo das propostas, longe disso. Assim como nas eleições presidenciais, as propostas se parecem. Basta conferir os materiais das duas chapas, ou dos partidos dos candidatos. São na maioria superficiais, sobre questões pontuais que não interferem na raiz dos problemas e na estrutura de todo o sistema.
A politicagem, a troca de favores, em função do interesse particular de poucos em permanecer no poder prevalece ante ao interesse público. Os assuntos que realmente interessam à sociedade (ou ao corpo estudantil) são relegados a segundo plano, os debates são escassos e superficiais em sua maioria, e contribuem para afastar cada vez mais o povo da política real.

1 comentário(s). Clique. Comente!:

Thaise Constancio disse...

Concordo plenamente com vc Renan. Essa politicagem, na minha opinião, acaba afastando os jovens da política e favorece a permanência e a perpetuação de canalhas.

    Últimas Postagens

    Últimos Comentários