Reflexões
Esse blog foi criado para que nós - futuros jornalistas - possamos extravasar nossas ansiedades e nossas reflexões. Como eu escrevi uma crônica (acho que é uma crônica) acho legal postar aqui na esperança que meus colegas leiam e passem a escrever também para o blog.
Sem ação, por Thaise Constancio (13/03/08)
Vivemos numa cidade cheia de contrastes: ao lado da ostentação e do luxo aparecem a pobreza e a miséria. O estranho é que normalmente não nos damos conta dessa triste realidade porque ela já faz parte do cotidiano carioca.
Ontem quando voltava para casa à noite, dentro do ônibus, tive uma experiência estranha e diferente. Na Praça da Bandeira, parada no sinal percebi um carro grande - se não me engano uma Hilux prata, cabine dupla - com 3 pessoas dentro. Do lado de fora um grupo de crianças tentando "trabalhar": elas tentavam lavar o vidro dos carros (o que é muito comum aqui no Rio). Uma delas, uma menina, tentou uma gracinha para agradar ao "cliente" que, mesmo assim, recusou o "serviço". A menina não insitiu.
Do outro lado do carro pude perceber um menino que enchia sua garrafa com a mistura de água e sabão para lavar os vidros. Comecei a pensar: "Será que eles estudam? por que será que estão aqui? será que foram obrigados?será que é por necessidade?" De repente um ônibus andou um pouco mais à frente e tampou minha visão. Não pude mais ver o menino nem o grupo ao qual ele pertencia.
Novamente comecei a pensar:"Engraçado, eu estava no meio de uma reflexão profunda e, por não ter mais a visão daquele grupo, simplesmente parei de pensar na dura realidade daquelas pessoas, no sofrimentodo dia-a-dia e vou seguir minha vida com se nada daquilo tivesse acontecido, como se não tivesse visto nada, e não pudesse ver novamente.
Aquele grupo de crianças, provavelmente, não verei mais - e acabo constatando que se isso acontecer, não me lembrei de como e quanto me fizeram refletir. Porém, infelizmente, verei outros grupos em situação semelhante. Sigo minha vida como se ver crianças trabalhando de noite, no sinal fosse corriqueiro, como se não fosse algo proibido. Sigo vendo as injustiças do mundo sem fazer (quase) nada para mudar a realidade, sem denunciar o abandono do Estado para com os mais necessitados. Sigo minha vida como se nunca tivesse passado naquele local, àquela hora e visto aquela cena triste e lamentável
terça-feira, março 18, 2008
|
Leia todas as postagens de
Thaise
|
This entry was posted on terça-feira, março 18, 2008
and is filed under
Thaise
.
You can follow any responses to this entry through
the RSS 2.0 feed.
You can leave a response,
or trackback from your own site.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentário(s). Clique. Comente!:
nome disso é individualismo. a gente não se preocupa com o outro pq nossa cultura nos força a se preocupar somente com nossos pequenos problemas individuais, e não com o coletivo.
parabéns pelo texto
e porque você não faz nada?
é fácil fazer essa pergunta. me responda então, quem faz alguma coisa?o que é fazer alguma coisa?o que é alguma coisa realmente relevante para se fazer?
é claro que eu me incluo no grupo de pessoas que acaba não fazendo (quase)nada relevante para mudar alguma coisa pela falta de alcance de nossas ações. mas quem pode fazer alguma coisa relevante? Sabe, esse assunto dá uma boa conversa, mas eu nem sei quem você é, e se você faz alguma coisa que te permita fazer essa pergunta com tanta autoridade.
Não concordo com essa história de que não nos preocupamos com os problemas alheios. Nos preocupamos sim. O problema é que essa preocupação só vai até onde nos convém.
Também me incluo no grupo de pessoas que não faz nada.Mas eu me preocupo e tenho mil idéias.Se alguém quiser deixar o comodismo de lado e abraçar algumas causas simples comigo tenho certeza de que podemos fazer alguma diferença.
Postar um comentário